“Eu é que passo o dia a trabalhar e ele é que vem irritado” – eu percebo que o seu dia de trabalho seja desafiante e esgotante, pense que o do seu filho pode não ser menos. Os tempos mudaram, a tecnologia entrou nas nossas vidas, aprenderam-se técnicas de comunicar com o público, a informação passou a estar ao alcance de um clique. Nem tudo acompanhou esta mudança. Mudam-se os tempos mas a escola da maioria das crianças continua igual, algumas têm cadeiras e mesas modernas, outras investiram em quadros interativos e tablets, ouvem-se as crianças falar outras línguas mas o modelo transmissivo lá continua como base do ensino em Portugal. Quem é a criança que precisa de ouvir, fazer fichas (sejam elas eletrónicas, coloridas ou cheias de flores), voltar a ouvir e fazer fichas num ensino feito dentro de 4 paredes, fazer TPC que nunca mais acabam, e testes a perder de conta, onde a transmissão do conhecimento é a base do dia, o investimento em relações positivas não faz parte da rotina, a aprendizagem ativa é um sonho sem expressão. Quando assim é, claro que o seu filho vem irritado e tem toda a razão para assim estar, eu diria mesmo é funcional ele (re)agir ao sistema. Conselho da semana valorize o seu filho, converse com ele sobre o dia que teve e façam atividades em conjunto de modo a que a aprendizagem ativa que ele deveria realizar na escola pelo menos a realize em casa. Note, eu sei que não são todas as escolas assim e conheço bem de perto a realidade, estamos num caminho de mudança que no ensino básico e secundário ainda irá levar algum tempo.