CONFLITOS

CONFLITOS

“Já estou farta de me zangar com ele”. Se está farta, cansada, muitas vezes está mesmo desesperada, considere que já deu um enorme passo.

Quando estamos fartos de alguma coisa estamos no bom caminho para a mudança, saímos mais facilmente da nossa zona de conforto e arriscamos mudar. Digo-lhe, por experiência pessoal, que esta mudança é um caminho sem retorno, quando alcançamos determinados níveis de consistência na resolução de conflitos alcançamos também uma satisfação pessoal tão grande que não ousamos voltar à forma antiga de os resolver. Primeiro conselho e advirto que será o mais difícil de ser por si aceite: veja esse momento como uma oportunidade de aprendizagem, tente uns minutos mais tarde olhar para a situação de outro prisma e pergunte-se: que podia ter feito diferente?

Ao longo desta semana expresse com o seu filho os seus sentimentos, comece pelos positivos e depois coloque no meio os menos positivos, faça disso tema de conversa e dê-lhe espaço para fazer o mesmo. Frases tipo: “Hoje estou contente, sabes que consegui…” “Fiquei mesmo feliz ao ver que arrumaste a tua roupa como tínhamos combinado ontem”. “Estou preocupado com a chuva que se prevê para este fim-de-semana já não vamos poder”… “e tu, como te sentiste hoje?”

Repare, não perguntámos como correu o dia, perguntámos algo muito anterior a essa fase, queremos saber genuinamente como se sentiu hoje. A pergunta só surgiu depois de partilharmos o que sentimos. A ordem dos fatores não é aleatória, pretende pôr-se o foco no que ele sentiu, em vez de o tentarmos obrigar a resumir o seu dia. Assim, o tal resumo acabará por surgir de forma espontânea.

Aceite este desafio e experimente o Conselho da Semana.

“NÃO” – Não receie esta palavra. Quando devidamente utilizada saber dizer NÃO é um ato de carinho, de amor e de segurança. A criança precisa de regras para viver em sociedade, precisa perceber o que pode e não pode e nem sempre o que ela quer é o melhor para ela.

O problema surge quando a famosa palavrinha é utilizada como arma em vez de ser utilizada como instrumento para regular comportamentos. Imagine que chega a casa, o seu filho está mesmo contente por o ver, nesse instante você atende o telefone e ele não para de andar à sua volta, começa por brincar e depois pede para comer chocolates, você diz-lhe duas vezes que NÃO mas ele pede mais alto, grita e você acaba por aceitar. Precisa mesmo conseguir acabar o tal telefonema e esta é, sem dúvida, a forma mais fácil, mais imediata. Ele, contente com a sua conquista, entretém-se a comer chocolates enquanto você continua a falar ao telefone. O telefonema acaba e a espectativa de brincarem juntos por 15 minutos termina em desilusão, ainda assim o seu filho vai para o banho sem grande resistência, veste o pijama e quando chega a hora de jantar instala-se a confusão: ele recusa-se a comer, diz que não tem fome, você diz-lhe que então ele NÃO vê televisão durante os próximos dias. Quem pode recriminar? Sabemos que a sociedade não para e tantas e tantas vezes não conseguimos acompanhar os filhos como queremos, pois estamos numa espiral alucintane. Mas, a verdade, é que a famosa palavrinha tornou-se, nesse caso, realmente um inimigo a combater. Imagine que voltava o filme atras e que dizia firmemente a famosa palavrinha em duas situações: “NÃO posso falar agora ao telefone porque acabei de entrar em casa!” “NÃO podes comer os chocolates porque vamos jantar dentro em pouco!”

“NÃO posso falar agora ao telefone” – sei que é uma medida impopular, achamos que temos mesmo que falar, no seu caso seria impossível não o fazer, mas será que seria mesmo? Terá escassas situações por semana em que isso é mesmo assim e todas as outras, não podem esperar uma hora, ou umas horas?

“NÃO podes comer os chocolates” – este NÃO tem que ser mantido, se ceder está a garantir que vai gastar muito tempo nesta guerra, está a ensinar o seu filho que gritando e levando o outro ao desespero se consegue o que quer. É essa a mensagem que quer passar?

Aceite o CONSELHO DA SEMANA e seja um aliado do NÃO, diga-o com convicção, escolhendo as alturas certas para o fazer.