A Guerra chegou, a invasão da Ucrânia está a acontecer!

A Guerra chegou, a invasão da Ucrânia está a acontecer!


Olá Comunidade Raiz,

Acordei e olhei pela janela, ouvi o chilrear dos passarinhos, os carros a passarem na rua e percebi que acordei em Portugal. Os nossos irmãos Ucranianos estarão com um acordar bem diferente.

A Guerra chegou, a invasão da Ucrânia está a acontecer!

Estamos unidos na condenação desta invasão, não podemos correr o risco de ficarmos divididos no modo de a sentir dentro de nós!

Acabamos de sair de mais um pico de pandemia, muitos têm as energias a chegar às reservas, outros ainda se estão a reorientar e poucos estão preparados para ver as noticias, ouvir falar de guerra e mais difícil do que tudo isto, falar do tema com as crianças!
Se queremos dar um passo em frente no desenvolvimento sócio-emocional, teremos que começar por aceitar que é OK querer agir, querer esperar, querer falar sobre o tema, não querer falar sobre o tema, querer ver notícias, ter medo de ver as notícias, não querer partilhar, sentir necessidade de fugir do tema ou pelo contrário só da Guerra querer falar. A palavra desta Guerra é para mim ACOLHER, acolher ao jeito de cada um, marcando aí a diferença.

Assim será também com as crianças, num ano típico, diria que este tema deveria ser vivamente discutido e falado na escola e em casa, algumas imagens partilhadas e movidas enormes ações de solidariedade que envolvessem as crianças, no entanto depois do que acabamos de viver penso que temos que agir com cuidado. Depois dos dois anos de pandemia a que temos estado sujeitos, diria que cada pai e cada educador/professor terá que começar por ouvir com atenção a criança, perceber com calma como está a receber a informação e, a pouco e pouco, ir agindo em conformidade. As crianças ainda estão assustadas com a pandemia e para algumas delas este assunto sério pode ser uma tábua de salvação, um virar de página e de tema, para outras mais assustadas pode ser a noção de uma nova tempestade, uma nova preocupação em casa, um novo tema dominante. Acolham com tempo, vejam qual a vossa situação. Aceitem que dentro da mesma casa possam haver vários sentires, várias expressões e não se esqueçam que podem ser várias formas de agir cuidando da própria saúde mental.

Estaremos atentos a sinais nos vossos filhos, os professores estão e vão receber formação e informação para abordarem o tema com as crianças e os psicólogos já se disponibilizaram para analisar qualquer caso que pareça mais complexo.
Deixo-vos como sugestão que falem com os vossos filhos sobre o assunto, que percebam o que eles sabem e o que querem saber, apresentem iniciativas vossas e vejam como eles reagem, como se envolvem. Não pressionem, não os assustem e se eles vos perguntarem se a guerra vai chegar aqui a Portugal sugiro-vos que, para já, lhes afirmem com convicção que não vai. Sei que nem todos estão tão certos do que acabo de dizer mas nesta fase que vivemos parece-me fundamental criar alguns limites que deem segurança às crianças.

Como já sabem sou ativista por natureza, participei estes dias no cordão humano no Restelo, na manifestação junto da Embaixada Russa e na Vigília da Amnistia Internacional. Sinto uma enorme vontade de fazer mais, tenho visto várias organizações que estão com iniciativas fabulosas e estou com energia e determinação para muito mais fazer por este povo, por esta causa, por esta invasão que traz consigo um risco incalculável para o nosso presente e o futuro dos nossos filhos.

Estamos mais uma vez juntos
Um abraço

Margarida Silveira Rodrigues
Diretora